segunda-feira, 2 de abril de 2012

Das coisas que me põe os cabelos em pé

O ser humano está perdido. Esta é a verdade axiomática que governa tudo o que me rodeia e, se falei com algum de vocês por mais de 5 minutos de certo já me ouviram proferir coisas semelhantes (e.g. 'o mundo está perdido', 'as pessoas hoje em dia, sinceramente...', 'vou imigrar para Marte'). Desde há semanas atrás que ando com isto na cabeça. Tenho visto com cada coisa mais estapafúrdia que quase me dá vontade de chegar às pessoas e perguntar 'mas ouça lá, você é cego-surdo-mudo ou é mesmo só civicamente retardado?'. Mas eu sou uma pessoa civilizada e por muito que me tomem por antipática ou arrogante, nunca na vida seria propositadamente rude para com alguém simplesmente por serem idiotas. 
 Mas vamos então enumerar alguns pontos que tanto eu como amigas minhas observámos ou sofremos: certa vez estava eu com as minhas amigas a conversar enquanto entrávamos no metro, todas trajadas, e ia-me eu a sentar quando, do nada, vem uma mulher de rompante, fura o seu caminho à minha frente e se senta onde eu me ia sentar; um outro dia, ia eu no elevador dos armazéns chiado e, ao chegar ao piso para sair, quando as portas abriram, as raparigas que lá estavam à espera, correram para dentro do elevador e não deixaram ninguém sair; no dia da greve (22/03) quando cheguei ao Rossio, também não me queriam deixar sair do comboio e tive de furar caminho; inúmeras vezes vou a andar ou estou sentada numa cadeira, ao lado de um sitio de passagem, e levo encontrões porque as pessoas não têm cuidado; há também o exemplo clássico das pessoas que gritam ao telefone ou ouvem música com a mania que são DJs. Depois há o tipo de acto que vemos nas notícias e que é geralmente mais grave, mas não me recordo de nenhum exemplo que eu própria tenha visto, porque evito ver o telejornal.  Também no dia da greve, o senhor maquinista resolveu que, embora aquele fosse o ultimo comboio do dia estipulado por lei, não fazia mal chegar 40 minutos atrasado e levantar toda uma sub-manifestação por parte dos utilizadores do comboio, que de cívicos também pouco tinham.
 Então e os mendigos? Não digo que eles não precisem de uma ajudinha mas eu sou muito agarrada ao meu dinheiro pois sou, na verdade, pobre. Sou eu que pago todas, ou a maioria, das minhas despesas. Ganho um ordenado que não dá nem para tapar a cova de um dente se for mês de pagar propinas. E depois vêm-me os sem abrigos todos (bem só aquele muito chato que costuma andar nos comboios da linha de sintra) refilar e insultar-me por não lhe dar uma moeda, quando na verdade nem costumo andar com trocos. Eu até já dei metade da minha sandes a uma rapariga sem abrigo, mas epá isto aqui não é o da Joana. Faz-me imensa confusão que eles, tendo energia e corpo funcional, não tentem endireitar a vida, e isso é também à sua maneira, falta de civismo.
 E há também todo um outro grau de falta de civismo ao qual atribuo o nome de...bem não posso revelar o nome, mas de qualquer forma refiro-me ao tipo de pessoa que implica com tudo o que fazes, esteja bem ou mal, mete o nariz nos teus assuntos, adora dar ordens e fazer-se superior, mas depois faz a mesma porcaria que tu. 
 O que pretendo dizer é: as pessoas estão a desistir de serem decentes. As pessoas estão a gerir-se pela lei do mais forte e do cada um por si (até parece que nunca ouviram falar dos 3 mosqueteiros). Mas depois vêm-me com as acções de solidariedade e com o "mas dê o que puder", e o sempre popular "ajudar o próximo" e com lições morais de "faz o que eu digo, não faças o que eu faço". Meus amigos, a hipocrisia está mais que batida. Eu odeio generalizar, mas no que toca à raça humana, sim raça, é bastante claro. Até eu sou hipócrita algumas vezes, nunca fui perfeita, mas ao menos tento não ser rude. Se algum dia algo que eu diga soe a hipocrisia ou cinismo propositados, estou provavelmente apenas a ser sarcástica ou irónica como é natural em mim. 
 Se todas as pessoas forem rudes, desagradáveis e pouco cívicas, então que raio de mundo vai ser este? Ainda vamos fazer o "2012" acontecer mais depressa e causar o fim do mundo. Esqueçam a anarquia, isto é tipo sida: o sistema imunitário enfraquece, os glóbulos brancos não combatem já nada e no final o organismo apanha uma infecção que, de outro modo, teria sido facilmente combatida mas devido à sida não é e morre tudo.
 E depois ainda me dizem que eu sou social, quando na verdade tenho uma relação amor-ódio com as pessoas e as suas estupidezes de estimação.

2 comentários:

  1. Não podia estar mais de acordo! Isto vai mesmo de mal a pior -.-

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  2. Tu sabes como sou: nao tho pachorra pa ler posts gigantes pa alem daqeles qe sou eu a escrever mas como es tu eu li.. e nao podia concordar mais. WOW, como eu concordo com tudo o qe disseste e ja passei por alguns dos episodios..

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